segunda-feira, 3 de agosto de 2009

As vinhetas copiadas do Patrão

Todos nós já sabíamos, mas o Pânico na TV fez questão de escancarar nos últimos anos o hábito do Patrão de passar suas férias nos Estados Unidos. E não é só com fotografias e bonequinhos do Mickey que ele voltava. Sílvio Santos provavelmente era fã do trabalho de vinhetas das televisões americanas.

Num tempo sem TV a cabo ou Youtube, era muito mais fácil simplesmente copiar idéias e (tentar) reproduzí-las na sua emissora particular. Abaixo você confere quatro casos em que o patrão simplesmente chupinhou, kibou, copiou as idéias de ABC, NBC e HBO. Se você conhecer ou lembrar de mais alguma, deixe o link nos comentários que depois eu incorporo aqui.

NBC let's all be there (1985)



Acha Aqui (primeiramente veiculada em 1987, o vídeo da versão é de 1989)



Come on home to NBC (1986)



Vem que é bom! (1990)


Notem que, não me perguntem por que, a vinheta acima foi veiculada no... Fantástico!

America's watching ABC (1990)


Fique ligado no SBT (1995)


HBO feature presentation (década 1980)


Vinheta de passagem TVS Rio (1989)


terça-feira, 30 de junho de 2009

Espero estar enganado (ou porque não concordo com o #forasarney)

Olá. Vou explicar bem rapidamente o assunto porque provavelmente já sabe do que se trata. Todos conhecemos José Sarney. E a maioria de vocês conhece o twitter (se não conhece, clica aqui). Quando você publica determinada palavra com um sinal de jogo da velha (#), ela passa a ser indexada com mais facilidade nos trending topics, que é a listagem onde ficam colocados os assuntos mais comentados na rede de micro-blog. Espero que você tenha entendido.

Um movimento capitaneado por usuários como Marcelo Tas, Rosana Hermann, Rafinha Bastos, Rodrigo "Vesgo" Scarpa e Marcos Mion, todos eles com uma parcela de fama maior ou menor, mas todos com vários seguidores, decidiram utilizar e incentivar a inscrição da expressão #forasarney em suas micro-mensagens. Eles conseguiram espalhar o evangelho e a palavra apareceu entre os assuntos mais comentados da rede.

Isso é muito legal, isso é muito bonito. Mas aí eu começo a pensar e acho que se trata de esforço inútil. Já já eu passo a delinear porque tenho essa opinião, mas antes quero deixar bem claro que também acho José Sarney uma figura nefasta, um símbolo do coronelismo e todas as ofensas possíveis que você possa encaixar aqui. Só o fato dele ter buscado se eleger senador pelo Amapá pois poderia ter dificuldades em determinado ano no Maranhão (estado onde ele e seu clã mandam e desmandam há incontáveis eras) já é o bastante para a revolta.

Agora vamos aos pontos.

-Suponhamos que José Sarney se afaste da presidência do senado. EBA! YUPI! YES WE CAN! E aí no lugar dele entra... um outro qualquer. Cuja única diferença em relação ao escritor de Marimbondos de Fogo é não ter a mesma projeção e nem o mesmo poder concentrado num estado como Sarney tinha. Ele fará as mesmas coisas, cometerá os mesmos rompantes e aí... não se fará mais nada. Acabaram se as manifestações.

-Nós vivemos tempos desanimadores, pessimistas, sedentários. As manifestações, sejam elas pura baderna ou não como na Grécia recentemente, são cada vez mais raras. Não nos engajamos em mais nada, não tomamos partido pra nada. Eu me incluo nesse contingente gigante. Nunca o pós-modernismo e o conceito de fim de história chegaram de maneira tão gritante na minha mente. Aí eu observo todo mundo ensaiar uma revolta a partir de seus computadores localizados em suas casas, escritórios e lan houses. É cômodo. É muito cômodo. É planejada uma onda de protestos para o dia de amanhã (1/7). Mas aí eu pergunto: quantos que colocaram a hashtag em seus twitters estarão amanhã fazendo coro para a saída do rei do Maranhão? Essas manifestações terão coerência, engajamento, continuidade? Vou trazer a discussão para um campo com o qual estou mais familiarizado, o futebol. Vocês querem ser como o São Caetano, aparecendo bem algumas poucas vezes e depois começarem a passar suas histórias no ostracismo ou se tornarem um Manchester United onde fatores como competência, consistência e resistência fizeram do time Old Trafford uma referência mundial no futebol? Não estou pedindo para ninguém aqui se tornar uma referência mundial em protestos. Sou apenas descrente de que o #forasaney desperte a consciência política numa geração que tem se mostrado até agora indiferente a tudo que acontece. Espero estar enganado.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pitacos sobre o diploma (1): O argumento meio bobo

O Supremo Tribunal Federal (STF) deveria votar sobre a obrigatoriedade ou não do diploma para o exercício da prática jornalística. No momento em que escrevo, já passa das 18h e não dá pra saber se a conclusão dos votos se dará hoje.

Há algum tempo, na Futebol Alternativo Off-Topics, meu fórum de discussão favorito, discutimos sobre o assunto. Naquela ocasião eu expûs o que penso sobre o assunto em alguns posts. Como a minha opinião não mudou muito, lanço essa pequena série de posts sobre o assunto.

A seguir, ipsis litteris, um argumento meio bobo, entrando de sola mesmo em quem pensava o oposto:

Gostaria que o pessoal que acha que não é necessário embasamento teórico para a prática do jonalismo escrevesse neste momento uma lauda para TV de até 40 segundos, outra para rádio em no máximo seis parágrafos e uma matéria de até 1500 toques sobre o assunto a escolher. Quero também que sugiram legendas para foto em até 67 caracteres. Acho necessário mencionar que quero uma relação com todas as fontes possíveis para que eu possa redigir a matéria também, desde a assessoria de imprensa do assunto em questão até o seu Firmino do bar da esquina que possa ter visto algo.

Ah, em duas horas.

Prometo que assim que tiver tudo isso em mãos, começo a me dedicar a autodidática na extração de pré-molares*.

*usei o argumento de dentes pré-molares pois era comparado o ofício dum jornalista a dum dentista.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A morte de um jornal diário

Tava pra publicar isso faz tempo, mas sempre me esquecia de fazer a tradução. O Tucson Citizen, do estado americano do Arizona, encerrou suas atividades em papel e hoje conta apenas com seu website. O encerramento das atividades aconteceu por causa da - adivinhem - severa crise financeira internacional que afetou principalmente os Estados Unidos. Até o final do ano passado, mais de 100 jornais diários haviam terminado suas operações, e esse número continua crescendo.

Aqui no Brasil, os jornais diários, bem como a economia no geral, vêm mostrando certa resistência ao cenário carrancudo. No entanto, pelo menos uma grande vítima se registra: a Gazeta Mercantil, que deixou de circular ao final do mês passado.

Abaixo, vai uma carta aberta de Mark Evans, editor-chefe do Tucson Citizen, que manteve seu emprego, mas teve que dar adeus a vários de seus colegas que foram demitidos. A versão original da carta está em inglês nesta página. A tradução é minha.

Uma tristeza na redação

Eu não gosto de estar triste.

É uma droga.

Eu deveria estar feliz. Eu tenho um emprego. Ainda mais que 50 dos meus ex-colegas no Tucson Citizen não têm, e nem terão em breve, julgando pelos meus recentes esforços em [lhes] encontrar algum trabalho.

A economia é brutal. Eu quero que ela melhore rapidamente para que meus amigos possam encontrar trabalhos.

Mas isso é poliana*

Hoje, segunda-feira, estou sentado nessa imensa redação capaz de suportar 80 ou mais jornalistas ouvindo o eco da minha digitação. Não há mais agitação para apagá-lo como havia antes.

Sem risos, sem gritos, sem bate-papo, sem alguns a toa, sem o click click click de dúzias de repórteres digitando.

Só o silêncio, majoritariamente.

E isso é triste. Isso não é mais uma redação. É um depósito de mesas e computadores.

O Tucson Citizen fez uma vigília na noite de domingo num pub na quarta avenida. Quase todo mundo que costumava trabalhar aqui estava com suas esposas, parceiros, amigos e família. Eu fui com minha esposa e me senti terrivelmente na festa.

Ninguém me fez sentir dessa maneira, é claro, todos me saudavam e alguns estavam realmente felizes por mim.

Eu não sabia o que dizer. "Eu sinto sua dor" pareceria banal e dissimulado. Dizer "eu lamento" ficou velho rápidamente, então eu disse "Espero que as coisas melhorem para ti em breve."

Boa sorte? Eu não poderia dizer isso. O que a sorte tem a ver com isso/

Nada disso era nossa culpa.

Estes eram jornalistas que trabalhavam duro, que vinham aqui coletar e reportar os acontecimentos. Eles trabalhavam 60 horas por semana - mas anotavam apenas 40 em seus cartões de ponto - para assim contar aos cidadãos de Tucson o que acontecia na cidade. Repórteres cidadãos tentaram dar aos seus companheiros a informaçção que eles precisavam para tomar os rumos de suas vidas bem informados.

Eles o faziam porque amavam o que faziam, não porque era um emprego. Jornalismo é mais uma paixão que uma carreira. Aqueles sem uma chama flamejante devem ir embora logo e ir para relações públicas ou direito ou qualquer outra coisa.

Ou você ama esse trabalho ou vai fazer outra coisa. Não há meio-caminho.

Parado num canto do bar eu podia ver que o a chama ainda brilhava na maioria deles, corajosamente tremulava em outros.

Eu quero que eles encontrem outros empregos jornalísticos. Gostem ou não, não há democracia sem uma imprensa livre. Nossa sociedade, nossa cultura, nossas próprias vidas dependem dos jornalistas que coletam e reportam os fatos.

É minha grande esperança que este novo Tucson Citizen ascenda e seja a próxima grande coisa; um site que una o poder da comunidade e direcione essa energia rumo às melhorias de Tucson por meio do entendimento, perspectiva e tolerância.

Eu espero que meus ex-colegas que ainda tenham esse fogo usem-o para ingressar neste nova, desconstruída indústria de notícias - blogando as notícias, puxando os pés dos políticos para o calor, dando voz àqueles sem voz, confortando os aflitos e afligindo os confortados.

E fazendo isso, haverá um lugar a eles aqui, na sua antiga casa.

Deve haver uma maneira de ganhar alguns tostões no processo.

Talvez, isso também, seja poliana.

Talvez. Mas eu trabalharei mais duro nisso do que em qualquer coisa antes para fazer com que não seja.

Eu vou sentir a falta de cada um de vocês.

*poliana é uma palavra em inglês que descreve um positivismo exacerbado. O verbete se baseia no romance Pollyanna, onde a personagem-título sempre mantinha uma atitude otimista mesmo contra tudo e contra todos.

domingo, 7 de junho de 2009

Tempo

Há um tempo, e ele já começou há algum tempo, onde se acabaram os velhos tempos. Acabou a esperança, acabaram seus amigos, acabaram os sábados a noite. Daqui a pouco tempo os teus pais também vão acabar e você vai se transformar num adulto completo, com os anseios e necessidades de um dos nossos tempos modernos e confusos.

Daí você acaba numa madrugada de sábado para domingo, olhando fotos de tempos que já se foram e só aí você se dá conta que já passou muito tempo desde que aquelas fotos foram batidas. Você se olha, olha pros outros e relembra trejeitos, frases, interações e sonhos que se perderam ao longo do tempo. E o pior é saber que esse tipo de coisa não volta. É quando você se dá conta que um capítulo da sua vida terminou e que ele não vai reabrir. As vezes, de tempos em tempos, essas imagens tentam voltar à realidade, mas estão longe de possuir o mesmo fulgor e brilho que tiveram um dia. A mesma alegria, a mesma sensação, a mesma palpabilidade não mais existem.

Dá nostalgia.

Não é que a vida tenha melhorado ou piorado, é que apenas o coração fica nostálgico ao olhar pra esses tempos e saber que ele não volta. A relatividade nos ensinou que talvez o tempo seja semelhante ao espaço, mas ainda não podemos trafegar para frente e para trás na mesma medida que fazemos com os lugares. Por isso que só nos resta lembrar. E ter saudade, esse sentimento tão lusófono e tão difuso, que a gente nem sabe descrever, só sentir.

É sempre mais escuro antes do amanhecer.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Clodovil Hernandes

Não tenho opinião formada sobre ele. O fato é que o deputado-costureiro morreu. E como esse comercial, que não foi ao ar, ficou bem legal, acho que vale colocá-lo por aqui. A lembrança do vídeo foi via @Castrezana.


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Milton Neves

Esse rapaz é bem polêmico entre o meio jornalístico, mas é inegável que o maluco manja de se auto-promover.

Eu navego dois minutos numa página aleatória do site dele e encontro as duas imagens abaixo:




Tipo, o que uma marca de café e um CORTE DE CARNES tem a ver com o moço de Muzambinho? Eu não sei, mas ele conseguiu.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Rádio-blog (2)



Esse é o segundo vídeo musical que eu posto aqui no blog. Assim como o primeiro é da trilha sonora de Carros, minha animação favorita. É uma canção bélissima, porém um pouco triste.

E sim, não é própriamente um vídeo porque só tem imagem estática do James Taylor, mas o que importa é a música.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Mandatos (2)

É necessário ler a reflexão de Flávio Gomes em seu blog e depois este post do blog do Emir Sader. É necessário estar atento a todas as visões sobre os assuntos que giram o mundo e não só as dos jornalões, dos jornalinhos, do meu blog, do Diogo Mainardi e da Ana Maria Braga.

Trotes

Você sabe que eu sou chato. Eu não vou muito em festas, baladas e nunca fui numa cervejada da Metodista. Aliás, como bem diz a minha amiga Marina, se alguém peida já é motivo pra cervejada, se alguém tropeça já é motivo pra cervejada. Pode ser que eu não saiba mesmo o que eu estou perdendo, mas o fato é que eu sou um rabugento que só sai mesmo pra beber em bares e destruir os ouvidos alheios no karaokê da gloriosa Chopperia Intercontinental.

Isto posto, vamos ao que interessa.

Eu já ouvi pelo menos Globo, Band, Record, BandNews FM, Jovem Pan e até a ESPN Brasil fazendo quase que uma campanha contra os trotes universitários. E cito apenas os veículos que eu efetivamente vi comentando os fatos. Deve ter havido mais, muito mais.

É fato incontestável que queimaduras, esterco, animais mortos e atropelamentos não são nada interessantes. Ao contrário. São crimes. A humilhação deve estar bem longe das universidades.

Eu me lembro do meu trote. Não gostei pois fiquei de "bicho-sacola", ou seja, fiquei carregando uma saco preto cheio de sapatos de um monte de gente. Não recebi a interação e nem fiz amizades como havia sido prometido pois tive que carregar aquele maldito saco. Tanto não gostei que nem fui esse ano receber os bixos.

No entanto, eu não posso negar que a atmosfera não era nem de longe parecida com a zona de guerra que foi pintado por aí. Havia bebida? Sim. Havia. Mas em momento algum eu percebi ou ouvi falar de abusos. Pelo menos não na minha universidade e acredito que deva ser esse o caso em outras instituições. O trote é na maioria dos casos, não no meu, uma ferramenta que integra e aproxima os alunos de fato. E generalizar a situação é culpar um taco de beisebol por uma porrada na cabeça de alguém e não a pessoa que efetivamente bateu.

No mais fica esse texto do Blog dos Alunos da Metô que sintetiza bem essa situação.

A Cultura em frangalhos?

Não é exatamente sobre o conceito de cultura que esse post trata, embora o assunto seja bastante ligado a ele. Falo da Rádio e TV Cultura. Essas emissoras são mantidas pela Fundação Padre Anchieta. De acordo com o site institucional da própria trata-se de "uma entidade de direito privado que goza de autonomia intelectual, política e administrativa". Ela é financiada por repasses governamentais, recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada e pela comercialização dos produtos de vídeo e áudio da emissora. A intenção de ser um corpo separado do governo e das empresas é mais ou menos (eu disse MAIS OU MENOS) a intenção da BBC no Reino Unido.

Para o pessoal da minha geração, que passou infância e adolescência nos anos 90, ou mesmo um pouco antes, a Cultura foi durante muito tempo símbolo de programação infantil de altíssima qualidade. Seja com formatos estrangeiros como O Mundo De Beakman, Tin-Tin, Doug e As Aventuras de Babar, seja com produções próprias como Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum, Cocóricó e Glub-Glub. Programas de outros segmentos como Roda Viva, Ensaio, Bem Brasil, Provocações, Cartão Verde e Opinião Nacional sempre foram símbolos de material bem produzido.

Por esses e outros programas até hoje a TV Cultura permanece como sinônimo de bom nível na programação. Mesmo que ninguém a assista, ela sempre será lembrada por essa bandeira.

Em junho de 2007, Paulo Markun, jornalista e ex-apresentador do Roda Viva, foi empossado como presidente da Fundação Padre Anchieta. Logo no mês seguinte, 17 programas da Rádio Cultura FM foram tirados do ar. Entre eles, a maior audiência da casa, o Diário da Manhã apresentado pelo âncora Salomão Schvartzman. Depois, em novembro de 2008, mais profissionais foram demitidos. Entre eles, o maestro João Carlos Martins.

Já neste ano, em janeiro não foi renovado o contrato do jornalista Luís Nassif e em fevereiro o Observatório da Imprensa e o Opinião Nacional foram retirados da grade. Ontem, Liliam Witte Fibe abandonou o barco. Ela apresentava o Roda Viva há 8 meses e sai dizendo que "Aquilo lá está um sonífero. Nem o Markun consegue assistir".

Todos esses cortes e reformulações da gestão Markun são feitos sob a justificativa de corte de custos. O que é até justificável dada a turbulência da conjectura econômica. Mas a Fundação Padre Anchieta tem se desfeito de profissionais de peso e não parece ter reposição. E louvável a intenção dessa gestão de explorar novas mídias e ainda estão lá nomes do peso de um Antônio Abujamra, um Heródoto Barbeiro ou um Rolando Boldrim. Mas a Cultura perde em importância cada vez mais e isso sinceramente é uma pena.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mandatos

Hugo Chávez que, queira você ou não, foi duas vezes eleito legitimamente presidente da Venezuela conseguiu mais uma vitória para si ontem. Na verdade não para si, mas sim para sua revolução. Para sua jornada em busca da unificação da América do Sul sob um único objetivo, sob a égide de Simón Bolívar.

Eu não tenho conhecimento específico sobre o governo da Venezuela sob Chávez e penso até que algo de bom ele deve fazer, já que ele geralmente consegue boas vitórias nos seus referendos. Some-se a isso uma oposição que não consegue reagir (ainda que pese o fato de que o presidente tem o aparato do estado a seu lado) e o resultado é um mandatário com um poder inconteste.

No entanto, Chávez começa a querer se desenhar maior do que já é. Ok, posso até ser ingênuo dizendo isso só agora. Mas, até ontem, sua figura tinha data para deixar a presidência. A constituição rogava que um presidente poderia ter no máximo dois termos de seis anos. Chávez já havia cumprido o primeiro de 2001 a 2007 e havia sido eleito para o outro.

Ontem, por meio de um referendo - aliás, esse instrumento é usado com frequência por essa onda populista de presidentes sul-americanos - Chávez conseguiu que a constituição fosse alterada apresentando agora a possibilidade da eleição infinta.

Um adendo MUITO IMPORTANTE tem que ser feito. Álvaro Uribe, presidente da Colômbia e aliado muito próximo dos Estados Unidos nos anos Walker Bush, também quer a mesma coisa em seu país. Ele já conseguiu em 2006 instaurar o mecanismo da reeleição e quer um terceiro mandato.

Dessa maneira, eu quero deixar bem claro que não critico Hugo Chávez particularmente. Mas acho errado que ele ou Uribe ou qualquer outro se estabeleça num período maior do que duas vezes no poder. Aqui no Brasil nós podemos perceber por meio de FHC e Lula que algumas reformas realmente precisam de dois mandatos para que sejam corretamente implementadas. Mais do que isso o poder começa a se tornar pessoal. A instituição é o cargo, não a pessoa. E as pessoas não são Louis XIV. Elas não são o estado.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Prêmio Dardos

E vou copiar tudo do blog da Luana mesmo. Vamos lá.

"Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc..., que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras."

Regras:1. Aceitar exibir a distinta imagem:















2. Linkar o blog do qual recebeu o Prêmio Dardos:

Silly Words

3. Escolher 15 blogs para entregar o Prêmio Dardos;

http://rodolfomartino.blog.uol.com.br/
http://iamlivingintheyellowsubmarine.blogspot.com/
http://tudoacabaempizza.wordpress.com/
http://resenhaesportes.blogspot.com/
http://exitpost.blogspot.com/

A regra é 15, mas eu só indiquei 5. Valeu, Luana!

Sobre o meu ofício

Antes de tudo eu tenho que dizer que o trabalho que faço hoje não é o meu ofício. É o meu ganha-pão, meu trampo, é a venda da minha força de trabalho em troca de dinheiro para a aquisição de bens e serviços. Na maior parte d0 tempo esse meu ganha-pão está longe de ser satisfatório pessoalmente, mas isso não quer dizer que eu não me dedique ao que faço. Só não é o que eu verdadeiramente tenho tino pra fazer.

O meu ofício é o jornalismo. Eu sei disso desde sempre. Tudo bem que só de uns três quatro anos pra cá que eu descobri que é uma careira que demanda muito e paga pouco, mas isso não abala minha vontade e minha paixão de trabalhar em redações, com prazos apertados, editores, redatores, repórteres e toda companhia bela.

Só há um pequeno porém no meio dessa história toda. Eu gosto muito de escrever. E isso é essencial pra qualquer um que se preze a querer ser jornalista. No entanto, esse é um hábito que eu pratico muito pouco. Eu escrevo e-mails, faço algumas traduções no trampo, mas é bem diferente do que você exprimir uma idéia por meio de palavras. Em tese esse blog deveria servir pra isso, mas eu o utilizo muito pouco. Vou tentar com mais constância. A vida não é nada senão uma série de "tentar de novo", "começar de novo". Então é bom eu aproveitar isso aqui, que ainda não me amarra a nenhum compromisso profissional e fazer o que gosto.

Mas com disposição, ao contrário dessa letárgica preguiça.

PS: Eu agraço muitíssimo a dona Luana Arrais, dona deste blog que eu invejo, ao Prêmio Dardos. Já já eu faço um post decente sobre ele.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eu não sou conduzido, eu conduzo

Eu não sou paulistano, sou andreense. Natural de Santo André, fui parido e criado nessa cidade que fica nos arredores desse monstro acinzentado chamado São Paulo. Eu tenho muito orgulho da cidade onde nasci, mas penso que ela e todo o ABC na verdade se unem com a capital do estado formando uma única grande figura que se estende por kilometros e kilometros no mapa.

Justamente por essa mistura que constitui essa grande mancha urbana é impossível, pelo menos para mim, passar alheio ao aniversário da metrópole. Ontem São Paulo completou 455 anos. Aliás, particularmente esse aniversário nunca passa batido uma vez que ele sempre acontece um dia depois do meu.

Mas não só por causa de coincidências temporais que eu me sinto tocado por essa efeméride. São Paulo é a minha Nova York particular, uma vez que talvez eu nunca tenha chance de visitar a Grande Maçã. A cidade é um mundo na sua infinidade de sotaques, costumes, gostos e cheiros. Ela sempre representou um sonho de progresso, de melhoria de vida. Sonho esse que atraiu meus avós de Portugal e minha mãe da Bahia.

Essa cidade que fede como o Tietê, nos sufoca com a fumaça proveniente de diversas fontes, que nos tortura e imobiliza com o trânsito desgastante, que por vezes nos faz reféns em nossas próprias casas é a mesma cidade que nos emociona em cada passagem por seus pontos históricos, faz a nossa paz interior emergir numa caminhada no Ibirapuera que ativa nosso paladar com o sabor de inúmeras iguarias, é só escolher: o sanduíche de mortadela do Mercadão, o bauru do Ponto Chic, um sushi na Liberdade ou um sanduíche de pernil na saída do Pacaembu.

São Paulo é a Paulista, o metrô, o Copan, a São Silvestre, o Ibirapuera, a Liberdade, a Bovespa, a garoa e os Demônios dela. É o Morumbi, o Pacaembu e a Javari. É Corinthians, o Palmeiras, o São Paulo, a Portuguesa, o Juventus, o Nacional e o Guapira. É Anchieta, Maluf, Marta, Pitta, Erundina e Kassab. Ela é tudo isso e muito mais.

É um lugar que eu amo. O paulistano é um masoquista por excelência por adorar tudo isso aqui e adoramos com gosto.

"Sair para jantar, dançar, transar, comer, beber, deitar, dormir, acordar, trabalhar, rir, chorar, o cinza, a cor, a chuva, a enchente, a Marginal, os marginais, o túnel, a ponte, a vida que pulsa como em lugar nenhum." - Flávio Gomes

PS: O título do post é o lema da cidade. No latim o original é "Non Dvcor, dvco."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O sacríficio da liberdade em nome do desenvolvimento

Não é de hoje que escuto muita gente – meu pai, incluso – que gostava mais do tempo em que os militares estavam no poder. As justificativas que costumam ser dadas nos fazem acreditar que o Brasil estava longe, muito longe de representar um país subdesenvolvido. Ao contrário. Todos tinham emprego, a segurança não era um fator de preocupação, o Brasil era um canteiro de grandes obras como a Transamazônica, o nível da televisão era muito melhor, a economia estava bem mais saudável, enfim. Era a época do Brasil Grande. Época na qual a brilhante seleção brasileira que levou a Copa de 70 era involuntariamente símbolo daquele “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Passados quase 45 anos desde o Golpe de 64 (que o estado e alguns setores da sociedade chamaram e chamam de “Revolução”) e 40 anos desde o AI-5 são diversas as obras e as lembranças divulgadas pelos meios de comunicação sobre esses anos de chumbo. Geralmente para o mal. Até porque um dos setores mais afetados pelo recrudescimento (palavra difícil, hein?) foi a própria imprensa. Além disso, ligando os pontos dá pra perceber que as obras faraônicas não se sustentaram, a censura era prática comum e o tal do milagre econômico depois cobrou seu preço.

Mas ainda assim tem gente com saudade daquele tempo.

Isso me fez pensar num outro país. A China.

Este escritor não é capaz de prever qual é o futuro econômico ou social da República Popular, apesar de saber que o país cresce anualmente a taxas impressionantes e o nível de vida de uma parcela da população se encontrar em franca ascensão do nível de vida. Porém, o país ainda apresenta desigualdades sociais e sérios problemas ambientais. O futuro dessa gigantesca nação pertence ao tempo.

O que é fato é que a China cerceia muitas das liberdades individuais em nome dos “interesses nacionais”. Prova disso foi o corte do discurso de posse de Barack Obama no momento em que o presidente ia citar o comunismo em seu discurso. Naquele país, o Google se submeteu a ter uma versão especial censurada pelo governo e a Wikipédia é constantemente bloqueada no território chinês. A situação dos direitos humanos na China também não é das mais louváveis de acordo com a Anistia Internacional.

Mas, alheio a tudo isso, o dragão chinês cresce de maneira arrebatadora e já ouvi no bar do meu pai gente falar que aqui “a gente tinha que fazer que nem na China, onde executam o cara e cobram da família a bala”.

Eu não concordo exatamente com isso, mas será que vale a pena sacrificarmos liberdades individuais em nome de uma vida aparentemente melhor?

PS: Não queira o leitor pensar que eu considero o Brasil uma democracia-modelo, mas eu prefiro pensar que aqui estamos melhores nesse aspecto, apesar de tudo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Isto é um teste

Olá Luana, Eduardo e Douglas. Sim, eu falei o nome de vocês como prometi no último post, mas foi só dessa vez, hein? =P

Estou testando um software para gerenciamento de blogs, o Windows Live Writer, que eu descobri através d’OMEdI.

Um dia a gente volta aí com a programação normal.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O primeiro presidente americano do século 21

Olá, leitor. Sim, eu acho que esse blog só deve ter um único leitor por isso estou te saudando. Se você se prestar a comentar, eu posso te saudar pelo nome da próxima vez.

Os Estados Unidos a partir de hoje devem passar por alguma mudança. Afinal de contas, pelas vezes que eu ouvi e li a expressão "change has come to America", alguma coisa tem que mudar. Barack Hussein Obama assume com doses cavalares de esperança, popularidade e mídia sobre ele. Nunca antes na história daquele país houve tamanha cobertura, oferta de imagens e discursos de efeito.

Obama chega como a novidade e com o prestígio instantâneo de milhões. O discurso de Berlin na campanha eleitoral é prova de sua presença como pop-star e de como é capaz de monopolizar os ouvidos dos jovens enquanto fala. Isso certamente faltou a George Walker Bush.

Neste fim de mandato, o (ainda) presidente texano parece absolutamente jogado ao léu. Certamente ele arranjará algum emprego em alguma empresa de consultoria que lhe renda um gordo salário como é comum a ex-chefes de governo conforme constata um artigo do Le Monde Diplomatique deste mês.

W. Bush será transformado instantaneamente em passado enquanto o novo presidente movido a Blackberry assume o poder. Obama enfim é o primeiro presidente americano do século 21. Essa afirmação soa incorreta quando pesquisamos na Wikipédia e descobrimos que o filho da Barbara assumiu o poder em 20/1/2001, portanto vinte dias dentro do novo século.

Mas ele foi eleito ainda em 2000 e representa ainda o último suspiro do século que passou. Esteve lado a lado com Tony Blair, ainda um resquício dos anos 90, em muitas questões, reprisou um confronto que seu pai havia iniciado e voltou os olhos para o Afeganistão que não tinha a atenção do mundo desde os anos 80.

Não devemos nos enganar e pensar que tudo ficará bem e que Obama mudará tudo, mas ao menos mais um simbolismo cai e é hora de olhar pra frente.