sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O sacríficio da liberdade em nome do desenvolvimento

Não é de hoje que escuto muita gente – meu pai, incluso – que gostava mais do tempo em que os militares estavam no poder. As justificativas que costumam ser dadas nos fazem acreditar que o Brasil estava longe, muito longe de representar um país subdesenvolvido. Ao contrário. Todos tinham emprego, a segurança não era um fator de preocupação, o Brasil era um canteiro de grandes obras como a Transamazônica, o nível da televisão era muito melhor, a economia estava bem mais saudável, enfim. Era a época do Brasil Grande. Época na qual a brilhante seleção brasileira que levou a Copa de 70 era involuntariamente símbolo daquele “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Passados quase 45 anos desde o Golpe de 64 (que o estado e alguns setores da sociedade chamaram e chamam de “Revolução”) e 40 anos desde o AI-5 são diversas as obras e as lembranças divulgadas pelos meios de comunicação sobre esses anos de chumbo. Geralmente para o mal. Até porque um dos setores mais afetados pelo recrudescimento (palavra difícil, hein?) foi a própria imprensa. Além disso, ligando os pontos dá pra perceber que as obras faraônicas não se sustentaram, a censura era prática comum e o tal do milagre econômico depois cobrou seu preço.

Mas ainda assim tem gente com saudade daquele tempo.

Isso me fez pensar num outro país. A China.

Este escritor não é capaz de prever qual é o futuro econômico ou social da República Popular, apesar de saber que o país cresce anualmente a taxas impressionantes e o nível de vida de uma parcela da população se encontrar em franca ascensão do nível de vida. Porém, o país ainda apresenta desigualdades sociais e sérios problemas ambientais. O futuro dessa gigantesca nação pertence ao tempo.

O que é fato é que a China cerceia muitas das liberdades individuais em nome dos “interesses nacionais”. Prova disso foi o corte do discurso de posse de Barack Obama no momento em que o presidente ia citar o comunismo em seu discurso. Naquele país, o Google se submeteu a ter uma versão especial censurada pelo governo e a Wikipédia é constantemente bloqueada no território chinês. A situação dos direitos humanos na China também não é das mais louváveis de acordo com a Anistia Internacional.

Mas, alheio a tudo isso, o dragão chinês cresce de maneira arrebatadora e já ouvi no bar do meu pai gente falar que aqui “a gente tinha que fazer que nem na China, onde executam o cara e cobram da família a bala”.

Eu não concordo exatamente com isso, mas será que vale a pena sacrificarmos liberdades individuais em nome de uma vida aparentemente melhor?

PS: Não queira o leitor pensar que eu considero o Brasil uma democracia-modelo, mas eu prefiro pensar que aqui estamos melhores nesse aspecto, apesar de tudo.

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