segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mandatos

Hugo Chávez que, queira você ou não, foi duas vezes eleito legitimamente presidente da Venezuela conseguiu mais uma vitória para si ontem. Na verdade não para si, mas sim para sua revolução. Para sua jornada em busca da unificação da América do Sul sob um único objetivo, sob a égide de Simón Bolívar.

Eu não tenho conhecimento específico sobre o governo da Venezuela sob Chávez e penso até que algo de bom ele deve fazer, já que ele geralmente consegue boas vitórias nos seus referendos. Some-se a isso uma oposição que não consegue reagir (ainda que pese o fato de que o presidente tem o aparato do estado a seu lado) e o resultado é um mandatário com um poder inconteste.

No entanto, Chávez começa a querer se desenhar maior do que já é. Ok, posso até ser ingênuo dizendo isso só agora. Mas, até ontem, sua figura tinha data para deixar a presidência. A constituição rogava que um presidente poderia ter no máximo dois termos de seis anos. Chávez já havia cumprido o primeiro de 2001 a 2007 e havia sido eleito para o outro.

Ontem, por meio de um referendo - aliás, esse instrumento é usado com frequência por essa onda populista de presidentes sul-americanos - Chávez conseguiu que a constituição fosse alterada apresentando agora a possibilidade da eleição infinta.

Um adendo MUITO IMPORTANTE tem que ser feito. Álvaro Uribe, presidente da Colômbia e aliado muito próximo dos Estados Unidos nos anos Walker Bush, também quer a mesma coisa em seu país. Ele já conseguiu em 2006 instaurar o mecanismo da reeleição e quer um terceiro mandato.

Dessa maneira, eu quero deixar bem claro que não critico Hugo Chávez particularmente. Mas acho errado que ele ou Uribe ou qualquer outro se estabeleça num período maior do que duas vezes no poder. Aqui no Brasil nós podemos perceber por meio de FHC e Lula que algumas reformas realmente precisam de dois mandatos para que sejam corretamente implementadas. Mais do que isso o poder começa a se tornar pessoal. A instituição é o cargo, não a pessoa. E as pessoas não são Louis XIV. Elas não são o estado.

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