quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Simplesmente pelo tempo

Não foi por causa duma briga, dum rompimento. De alguma coisa que eu fiz ou você deixou de fazer. Talvez eu fiquei mal acostumado com o teu sorriso, com a tua gargalhada a me acompanhar todos os dias. Com você tão linda eu fiquei anestesiado.

Era você tão moleca, tão descobridora dos fatos. Às vezes irritada com os percalços da vida. Éramos duas mentes de adolescentes colocados em corpos dessa idade estranha de vinte, vinte e um anos que não sabem exatamente onde estão na vida. A cada solavanco que nos fazia quase bater a cabeça no teto do ônibus, uma vez que o motorista do articulado não liga pra quem senta nas últimas cadeiras. E ríamos e ríamos.

Mas as pessoas crescem. Acho que só eu não cresço. Fico aqui, teenage dirtbag a imaginar essa puberdade tardia. Essa adolescência bêbada em que eu desequilibro as contas da faculdade e do celular com as cervejas tomadas de canto em canto e os acordes desafinados desferidos nos karaokês da vida.

Mas é você quem está certa. Certa ao arranjar uma pessoa certa para você. A enfim ter uma amiga, mulher como você e não este bufão. Ao fazer os cursos e prestar os concursos que levem a tua vida pra frente. Correndo pelas manhãs, correndo pelas frestas de garantir uma vida mais tranquila no futuro. Ah esse futuro. Ah esse maldito futuro.

E, de repente, vão-se os dias, vão-se as semanas e é cada vez mais sozinha a última cadeira do ônibus. É mais silencioso a volta pra casa. Ao invés de duas orelhas dividirem o mesmo fone, vou ouvindo sozinho o Éder Luís, o José Silvério.

Não posso nem gritar contigo. Não aconteceu nada. Você simplesmente cresceu para a vida e está fazendo o que deve. Enquanto eu, a te ver todo dia, sorrio e fico um tanto feliz, mesmo gauche. E só vem uma música na cabeça

If it's so, well, let me know
If it's no well I can go
I won't make you

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