segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eu não sou conduzido, eu conduzo

Eu não sou paulistano, sou andreense. Natural de Santo André, fui parido e criado nessa cidade que fica nos arredores desse monstro acinzentado chamado São Paulo. Eu tenho muito orgulho da cidade onde nasci, mas penso que ela e todo o ABC na verdade se unem com a capital do estado formando uma única grande figura que se estende por kilometros e kilometros no mapa.

Justamente por essa mistura que constitui essa grande mancha urbana é impossível, pelo menos para mim, passar alheio ao aniversário da metrópole. Ontem São Paulo completou 455 anos. Aliás, particularmente esse aniversário nunca passa batido uma vez que ele sempre acontece um dia depois do meu.

Mas não só por causa de coincidências temporais que eu me sinto tocado por essa efeméride. São Paulo é a minha Nova York particular, uma vez que talvez eu nunca tenha chance de visitar a Grande Maçã. A cidade é um mundo na sua infinidade de sotaques, costumes, gostos e cheiros. Ela sempre representou um sonho de progresso, de melhoria de vida. Sonho esse que atraiu meus avós de Portugal e minha mãe da Bahia.

Essa cidade que fede como o Tietê, nos sufoca com a fumaça proveniente de diversas fontes, que nos tortura e imobiliza com o trânsito desgastante, que por vezes nos faz reféns em nossas próprias casas é a mesma cidade que nos emociona em cada passagem por seus pontos históricos, faz a nossa paz interior emergir numa caminhada no Ibirapuera que ativa nosso paladar com o sabor de inúmeras iguarias, é só escolher: o sanduíche de mortadela do Mercadão, o bauru do Ponto Chic, um sushi na Liberdade ou um sanduíche de pernil na saída do Pacaembu.

São Paulo é a Paulista, o metrô, o Copan, a São Silvestre, o Ibirapuera, a Liberdade, a Bovespa, a garoa e os Demônios dela. É o Morumbi, o Pacaembu e a Javari. É Corinthians, o Palmeiras, o São Paulo, a Portuguesa, o Juventus, o Nacional e o Guapira. É Anchieta, Maluf, Marta, Pitta, Erundina e Kassab. Ela é tudo isso e muito mais.

É um lugar que eu amo. O paulistano é um masoquista por excelência por adorar tudo isso aqui e adoramos com gosto.

"Sair para jantar, dançar, transar, comer, beber, deitar, dormir, acordar, trabalhar, rir, chorar, o cinza, a cor, a chuva, a enchente, a Marginal, os marginais, o túnel, a ponte, a vida que pulsa como em lugar nenhum." - Flávio Gomes

PS: O título do post é o lema da cidade. No latim o original é "Non Dvcor, dvco."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O sacríficio da liberdade em nome do desenvolvimento

Não é de hoje que escuto muita gente – meu pai, incluso – que gostava mais do tempo em que os militares estavam no poder. As justificativas que costumam ser dadas nos fazem acreditar que o Brasil estava longe, muito longe de representar um país subdesenvolvido. Ao contrário. Todos tinham emprego, a segurança não era um fator de preocupação, o Brasil era um canteiro de grandes obras como a Transamazônica, o nível da televisão era muito melhor, a economia estava bem mais saudável, enfim. Era a época do Brasil Grande. Época na qual a brilhante seleção brasileira que levou a Copa de 70 era involuntariamente símbolo daquele “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Passados quase 45 anos desde o Golpe de 64 (que o estado e alguns setores da sociedade chamaram e chamam de “Revolução”) e 40 anos desde o AI-5 são diversas as obras e as lembranças divulgadas pelos meios de comunicação sobre esses anos de chumbo. Geralmente para o mal. Até porque um dos setores mais afetados pelo recrudescimento (palavra difícil, hein?) foi a própria imprensa. Além disso, ligando os pontos dá pra perceber que as obras faraônicas não se sustentaram, a censura era prática comum e o tal do milagre econômico depois cobrou seu preço.

Mas ainda assim tem gente com saudade daquele tempo.

Isso me fez pensar num outro país. A China.

Este escritor não é capaz de prever qual é o futuro econômico ou social da República Popular, apesar de saber que o país cresce anualmente a taxas impressionantes e o nível de vida de uma parcela da população se encontrar em franca ascensão do nível de vida. Porém, o país ainda apresenta desigualdades sociais e sérios problemas ambientais. O futuro dessa gigantesca nação pertence ao tempo.

O que é fato é que a China cerceia muitas das liberdades individuais em nome dos “interesses nacionais”. Prova disso foi o corte do discurso de posse de Barack Obama no momento em que o presidente ia citar o comunismo em seu discurso. Naquele país, o Google se submeteu a ter uma versão especial censurada pelo governo e a Wikipédia é constantemente bloqueada no território chinês. A situação dos direitos humanos na China também não é das mais louváveis de acordo com a Anistia Internacional.

Mas, alheio a tudo isso, o dragão chinês cresce de maneira arrebatadora e já ouvi no bar do meu pai gente falar que aqui “a gente tinha que fazer que nem na China, onde executam o cara e cobram da família a bala”.

Eu não concordo exatamente com isso, mas será que vale a pena sacrificarmos liberdades individuais em nome de uma vida aparentemente melhor?

PS: Não queira o leitor pensar que eu considero o Brasil uma democracia-modelo, mas eu prefiro pensar que aqui estamos melhores nesse aspecto, apesar de tudo.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Isto é um teste

Olá Luana, Eduardo e Douglas. Sim, eu falei o nome de vocês como prometi no último post, mas foi só dessa vez, hein? =P

Estou testando um software para gerenciamento de blogs, o Windows Live Writer, que eu descobri através d’OMEdI.

Um dia a gente volta aí com a programação normal.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O primeiro presidente americano do século 21

Olá, leitor. Sim, eu acho que esse blog só deve ter um único leitor por isso estou te saudando. Se você se prestar a comentar, eu posso te saudar pelo nome da próxima vez.

Os Estados Unidos a partir de hoje devem passar por alguma mudança. Afinal de contas, pelas vezes que eu ouvi e li a expressão "change has come to America", alguma coisa tem que mudar. Barack Hussein Obama assume com doses cavalares de esperança, popularidade e mídia sobre ele. Nunca antes na história daquele país houve tamanha cobertura, oferta de imagens e discursos de efeito.

Obama chega como a novidade e com o prestígio instantâneo de milhões. O discurso de Berlin na campanha eleitoral é prova de sua presença como pop-star e de como é capaz de monopolizar os ouvidos dos jovens enquanto fala. Isso certamente faltou a George Walker Bush.

Neste fim de mandato, o (ainda) presidente texano parece absolutamente jogado ao léu. Certamente ele arranjará algum emprego em alguma empresa de consultoria que lhe renda um gordo salário como é comum a ex-chefes de governo conforme constata um artigo do Le Monde Diplomatique deste mês.

W. Bush será transformado instantaneamente em passado enquanto o novo presidente movido a Blackberry assume o poder. Obama enfim é o primeiro presidente americano do século 21. Essa afirmação soa incorreta quando pesquisamos na Wikipédia e descobrimos que o filho da Barbara assumiu o poder em 20/1/2001, portanto vinte dias dentro do novo século.

Mas ele foi eleito ainda em 2000 e representa ainda o último suspiro do século que passou. Esteve lado a lado com Tony Blair, ainda um resquício dos anos 90, em muitas questões, reprisou um confronto que seu pai havia iniciado e voltou os olhos para o Afeganistão que não tinha a atenção do mundo desde os anos 80.

Não devemos nos enganar e pensar que tudo ficará bem e que Obama mudará tudo, mas ao menos mais um simbolismo cai e é hora de olhar pra frente.